Existem aquelas pessoas que são como peças-chave na vida das outras. São pessoas que como cola mantém outras pessoas ao seu redor juntas e que sabem fazer momentos se tornarem especiais.
Em tempos de angústia como agora fica tão claro pra mim como meu pai era uma destas pessoas. Ele sempre sabia o que fazer ou o que dizer mesmo que depois pensássemos que o que foi feito não era o certo a fazer. Mas a decisão ali na hora em que era preciso, ele sempre tomava. E, devo dizer, quase sempre meu pai estava certo.
Quando criança lembro-me claramente de como ele era querido pelas pessoas, como tudo com ele se tornava único. Ele transformava pequenas reuniões em eventos, refeições em "ceia" ou "jantares", ele sempre sabia escolher a música certa e também transformava sopa em consommé ou creme de algum ingrediente muito sofisticado.
Ele era adorado pelos pacientes. Nossa! E como ele atendia pacientes... conhecia todos pelo nome e sobrenome, sabia o histórico de todos de cabeça e o que ele tinha prescrito para cada um deles. Dificilmente voltava pra casa sem algum presente como forma de agradecimento.
Ele sabia palavras difíceis e o significado de todas elas. Escrevia muito bem, sempre. Gostava de escrever bilhetes e cartinhas quando me dava presentes. Só tinha um problema... sua letra era MUITO feia.
Inventava histórias e lendas pra quase todos os fenômenos e criava personagens pra que eu comesse, dormisse ou estudasse direito. E ele era capaz de consertar praticamente qualquer coisa e logo seu apelido ficou sendo MacGaiver
Quando eu era criança eu acreditava que meu pai sabia tudo. Eu não sou mais criança mas continuo achando que ele sabia de tudo.