Acho que na vida sempre erramos muito mas também acertamos muito. Meu maior exemplo disto é meu pai. Ele errou bastante (com ele mesmo e comigo) mas também acertou demais. Sempre contei tudo pra ele, sem restrições e sem reservas. Ele era meu melhor amigo.
Lembro-me de uma época (lá pelos idos de 1999) em que ele já tinha tentado de todas as maneiras me dar um conselho, inclusive havia falado diretamente. Mas eu, como boa adolescente teimosa, não dava ouvidos e continuava insistindo no erro.
Até que ele colocou um CD do Engenheiros do Hawaii no som do carro (nossas conversas mais intensas sempre eram no carro) a faixa 10 do CD e disse:
- Essa música retrata este momento da sua vida. Escute com atenção.
Ficamos lá escutando... Então ele disse:
- Desate o nó que te prendeu a uma pessoa que nunca te mereceu. Esse pedaço. Escutou? Você sempre vai ser você, não são seus erros que te definem nem os acertos. É quem você é.
Minha vida mudou depois deste dia. Meu pai havia me libertado, de novo. E eu voltei a viver.
Algumas vezes, a música faz isso comigo. É capaz de me transportar de volta no tempo, num momento específico. Hoje, eu escutei essa música sem ficar triste. Mais um dia, mais uma vitória. A saudade continua mas só deixa saudade o que foi bom vé?